A digitalização da saúde já é uma realidade: hospitais e consultórios contam com diversos dispositivos tecnológicos para auxiliar o tratamento, há análise de dados para fazer o melhor diagnóstico e até mesmo a telemedicina entrou em vigor no Brasil por conta da pandemia de covid-19. Mesmo assim, ainda há uma área em que os profissionais seguem reticentes em contar com o apoio de soluções digitais: o agendamento de consultas. Não são poucos os que optam em manter essa tarefa no papel e sob responsabilidade de um recepcionista. A principal preocupação é lotar as consultas e causar insatisfação aos pacientes.
Mas, na verdade, o bom uso da tecnologia evita justamente esse problema e amplia a base de possíveis usuários. Basta olhar o panorama apresentado pela pesquisa TIC Saúde 2019, elaborada pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), para identificar essa realidade. Ainda que mais da metade dos médicos entrevistados (52%) tenha acesso a funcionalidades eletrônicas como agendamento de consultas e exames, apenas 21% deles admitem que sempre utilizam esse recurso em seu expediente. Ou seja, grande parte deles não tem essa praticidade em seus consultórios ou, quando tem, prefere ignorar e continuar realizando agendamentos do jeito mais tradicional.
Dois fatores ajudam a explicar essa preocupação em relação aos agendamentos on-line. O primeiro deles, evidentemente, é a questão cultural. A marcação individual no consultório é um modelo consagrado e utilizado pelos profissionais de saúde há décadas – e com relativo sucesso, uma vez que permite o controle absoluto do horário que o médico dedica aos pacientes e a sua rotina de trabalho. Ele pode, por exemplo, encaixar as consultas de acordo com suas demandas. Dessa forma, não é fácil propor uma mudança drástica em algo já consagrado no setor. Por que eles iriam trocar o que já funciona por um recurso que não conhecem e não aprenderam a mexer nos anos de universidade? Além disso, é preciso ressaltar também que a própria tecnologia não teve uma implementação fácil no dia a dia médico a partir da década de 1990.
Se hoje é inegável a força e eficiência que as soluções digitais possuem, não podemos dizer o mesmo daquele período. Era um cenário de testes, adaptações e mudanças. Foi uma etapa importante para chegarmos ao mundo em que vivemos hoje, é claro, mas que proporcionou erros e dores de cabeça aos profissionais. Era comum encontrar sistemas que não funcionavam direito ou, pior, que embaralhavam a agenda do dia, colocando pacientes com pouca diferença de horário – o que levava a um tempo de espera maior na recepção. Mas não é porque o agendamento em papel é culturalmente aceito e oferece sensação de segurança que os médicos podem ignorar a evolução da tecnologia na gestão dos consultórios.
A época em que as ferramentas digitais não funcionavam direito ficou para trás. Agora, é imprescindível contar com o apoio dessas soluções para otimizar o expediente no consultório e melhorar a experiência do atendimento ao paciente. A lógica é simples: se hoje a pessoa já busca informações dos médicos na internet e realiza até a consulta via telemedicina, por que ela precisa ligar para marcar um horário? O ideal, portanto, é oferecer o agendamento on-line em diferentes canais que o paciente tiver à disposição. É claro que essa funcionalidade pode – e deve – estar disponível no site oficial do consultório, mas há outros lugares que os pacientes também utilizam. Agendamento via Whatsapp, por exemplo, já é uma realidade entre os médicos brasileiros e há também as plataformas de agendamento, que permitem que os usuários acessem informações dos profissionais e possam marcar a consulta que desejar. São estratégias interessantes que dependem de um bom funcionamento tecnológico. No caso, uma integração do prontuário eletrônico com estes serviços, permitindo a agilidade que a digitalização oferece com a segurança que o controle em papel costumava trazer. Este é um caminho sem volta para a medicina.
Os médicos não podem mais ignorar a eficiência das soluções digitais no dia a dia do consultório. Quem virar as costas para isso correrá o grande risco de ser trocado por outros especialistas. O agendamento não precisa ser mais burocrático. É possível torná-lo on-line e deixar mais ágil e simples. A pandemia de covid-19 mostrou que os pacientes já estão digitais. Passou da hora dos estabelecimentos de saúde seguirem esse exemplo.
Telerradiologia – Para definir exatamente o que é telerradiologia, um bom lugar para começar é definir primeiro a palavra radiologia. A radiologia é um tipo de técnica de imagem que os médicos usam para obter imagens da parte interna do corpo. Isso geralmente é feito para tratamento ou diagnóstico. Ultra-sons, ressonâncias magnéticas e raios-x são exemplos.
Agora podemos adicionar o prefixo “tele” à radiologia. Pense na palavra “telefone”, que se refere a um dispositivo que permite ligar para alguém que está em um local diferente. Quando aplicado à telerradiologia, significa que as imagens são enviadas para um local diferente. As imagens, juntamente com os estudos realizados nas imagens, são enviadas para profissionais ou médicos que estão em um local diferente.